Tabagismo, alcoolismo e infecção pelo HPV são as principais causas de câncer na garganta. Conheça as formas de prevenção e o tratamento
Popularmente conhecido como câncer de garganta, o câncer de orofaringe se desenvolve na região que vai desde a base da língua — no fundo da boca, contornando as paredes da garganta onde estão as amígdalas, incluindo palato mole e úvula. Ou seja, toda a parte da garganta visível no espelho ao abrir a boca.
Por ser composta por diversos tipos de células e tecidos, a orofaringe pode apresentar diferentes tipos de tumores, e para cada qual há procedimentos médicos específicos.
A garganta participa dos processos de alimentação, deglutição, fala e respiração, portanto essas atividades podem ser prejudicadas tanto pelo tumor quanto por seu tratamento. Dores de garganta, dificuldade para engolir e engasgos frequentes são alguns dos sintomas de câncer de orofaringe.
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Sintomas do câncer de orofaringe
Confira os principais sinais e sintomas de câncer de orofaringe:
- Dor de garganta duradoura;
- Dificuldade para mastigar;
- Dificuldade para engolir;
- Dificuldade para respirar;
- Engasgos frequentes;
- Feridas que não cicatrizam;
- Presença de lesões esbranquiçadas ou avermelhadas na região;
- Incômodo na garganta;
- Nódulo ou íngua no pescoço;
- Mobilidade da língua e mandíbula prejudicada;
- Dormência na língua;
- Inchaço da mandíbula;
- Alterações na voz, como rouquidão que não passa;
- Dificuldade para falar ou pronunciar as palavras de forma clara;
- Mau hálito constante;
- Tosse frequente;
- Dor de ouvido;
- Perda de peso não intencional.
Câncer de orofaringe: causas e fatores de risco
A infecção pelo Papilomavírus humano (HPV) é uma das principais causas do câncer de orofaringe nas populações mais jovens. Mas o tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas também são causas bastante comuns de tumores na garganta.
Há também outros fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de orofaringe. São eles:
- Má alimentação e hábitos alimentares irregulares;
- Excesso de peso corporal;
- Sistema imunológico debilitado;
- Mutações genéticas;
- Enfermidades e síndromes genéticas, como anemia de Fanconi e disceratose;
- Sexo oral sem o uso de preservativos.
Além disso, gênero e idade também são considerados fatores de risco, pois o câncer de orofaringe é duas vezes mais comum em homens e há maior incidência em pessoas com mais de 55 anos de idade. Nos últimos anos esta doença envolveu populações mais jovens, inclusive, menores do que 40 anos, por se tratar de uma doença com transmissão por via sexual devemos tomar todas as precauções necessárias.
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Diagnóstico: como detectar o câncer de orofaringe?
Após apresentação de um ou mais sintomas, a consulta com o cirurgião de cabeça e pescoço é necessária. Na avaliação inicial do paciente poderá ser utilizado um endoscópio para análise visual da garganta, por meio de microcâmera acoplada, chamado de laringoscópio. Essa laringoscopia permite uma avaliação da parte da orofaringe logo atrás da língua, assim como da parte inferior das amígdalas, sendo este exame de extrema importância para a correta avaliação do paciente no consultório.
Caso detectada alguma anormalidade nos tecidos da garganta, é realizada uma biópsia, na qual é retirada uma amostra do tecido suspeito, que é enviada para análise laboratorial. Esse exame é chamado de histopatológico. Poderá ainda ser realizados outros tipos de estudos complementares para classificar o paciente de acordo com o tamanho de doença e linfonodos acometidos, comumente chamado de estadiamento oncológico. Tomografias, endoscopias, ressonâncias, Pet Scan ou Pet CT são exames importantes neste diagnóstico.
Após o paciente ser diagnosticado e estadiado, o próximo passo e discutir os tratamentos propostos para cada tipo de tumor e localização. Cada paciente é único e precisa de tratamentos personalizados para ampliar as chances de cura e diminuir as sequelas do tratamento.
Quais os tratamentos para o câncer de orofaringe?
São diversos os tipos de tratamento para o câncer de orofaringe. A decisão do médico sobre quais procedimentos serão realizados leva em consideração as características do tumor, como localização e extensão, se houve metástase, chances de cura da doença, o quadro clínico e estado de saúde do paciente. Também são avaliados os eventuais impactos e efeitos colaterais que o tratamento pode causar.
As principais opções de tratamento para o câncer de orofaringe são: cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia. Estes procedimentos podem ser realizados individualmente ou associados.
Geralmente, a cirurgia é o primeiro tratamento do câncer de orofaringe, seguido de radioterapia. A quimioterapia associada à radioterapia é indicada para tumores mais avançados ou como complemento ao tratamento cirúrgico.
A cirurgia robótica trouxe importantes avanços no controle de doença local, o que significa cirurgias menos invasivas pela boca com ajuda do Robô, que magnifica em mais de 10x a visualização de tumor. A cirurgia robótica por tratar tumores iniciais, muitas vezes, não precisa de utilização de sondas para alimentação, traqueostomias e diminui o tempo de internação hospitalar, pontos importantes na melhoria de qualidade e de vida do paciente.
Fazendo parte do tratamento oncológico o acompanhamento do paciente por uma equipe multidisciplinar e de suma importância. Normalmente, essa equipe é composta por oncologista clínico, cirurgião de cabeça e pescoço, radio-oncologista, psiquiatra, médico da dor, enfermeiro, psicólogo, nutricionista, dentista, fisioterapeuta e fonoaudiólogo.
A participação desses profissionais é indicada, pois o câncer de orofaringe pode afetar algumas capacidades do paciente, como a alimentação, movimentação de cintura escapular, a fala e a respiração.
A seguir, falaremos detalhadamente sobre cada um dos possíveis tratamentos para o câncer de orofaringe. Confira.
Cirurgia
Costuma ser o primeiro procedimento médico no tratamento do câncer de orofaringe, de forma a remover todo o tumor. Contudo, depende da localização e do estágio da doença, além do estado de saúde do paciente.
Temos a cirurgias endorais com utilização de laser, ou robóticas para tumores iniciais e cirurgias para tumores avançados como a bucofaringectomia, mandibulectomia com faringectomia que precisam de uma equipe experiente para oferecer ao paciente resultados adequados.
Radioterapia
O tratamento com radioterapia consiste no uso de radiações ionizantes para destruir o tumor ou inibir o crescimento das células cancerígenas. É indicado para câncer de orofaringe pequeno ou que ainda não tenha se espalhado para outros tecidos, como os gânglios linfáticos (metástases).
A radioterapia pode ser associada a outros tipos de tratamento, como quimioterapia e cirurgia, de forma a aumentar as chances de cura do câncer. Nos estágios mais avançados da doença, a radioterapia ajuda a diminuir o tumor e a reduzir os sintomas.
Quimioterapia
Nos casos de câncer de orofaringe, a quimioterapia geralmente é realizada em conjunto com a radioterapia. Esse tipo de tratamento tem o objetivo de destruir as células cancerígenas e inibir a metástase, condição em que os tumores se espalham para outras partes do corpo.
Terapia-alvo
O tratamento com terapia-alvo tem foco em combater moléculas específicas das células cancerígenas, evitando que elas se multipliquem, sendo mais propensas a morte celular. O procedimento é feito por meio do direcionamento da ação de medicamentos quase exclusivamente às células doentes, reduzindo suas ações sobre as células saudáveis.
Imunoterapia
A imunoterapia é a utilização do próprio sistema imunológico do paciente como mecanismo de defesa contra as células cancerígenas. Com esse tratamento, o organismo do paciente é estimulado a produzir proteínas que protegem as células saudáveis.
Esse tratamento é mais indicado para casos em que o câncer se encontra nos estágios mais avançados ou quando os tratamentos convencionais não apresentam resultados satisfatórios.
Como prevenir o câncer de orofaringe?
A principal forma de prevenção do câncer de orofaringe é a redução dos fatores de risco. Conheça algumas atitudes do dia a dia que ajudam a evitar a doença:
- Não fumar;
- Evitar a exposição passiva ao tabaco;
- Evitar o consumo exagerado de bebidas alcoólicas;
- Utilizar preservativo em todas as relações sexuais, incluindo a oral;
- Vacinar-se contra o HPV;
- Praticar atividades físicas regulares;
- Adotar dieta saudável e nutritiva;
- Consultar o médico regularmente.
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Fontes: